quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O Poder Legislativo quer cortar o "próprio pulso"

São mais de duas décadas que acompanho a política de perto em Nova Iguaçu. Vi momentos marcantes na história da nossa cidade, tanto para o lado positivo quanto para o negativo. E neste período sempre vi a Câmara de Vereadores participando dos debates sobre esses acontecimentos. Seja por audiências públicas ou mesmo por ações isoladas dos vereadores, havia sempre um debate em pauta para ser discutido, assim como uma meta de desenvolvimento, político ou econômico, como alvo. Havia sempre um assunto para ser debatido ou mesmo a luta por alguma conquista para a cidade. A própria Universidade Federal Rural Federal do Rio de Janeiro (UFRRJ) foi uma luta que contou com a participação ativa da Câmara de Vereadores. Ela não nasceu lá, mas foi a Câmara uma espécie de "caixa ressonância" dessa luta e até mesmo uma "ponte" que ligou os interesses comuns na busca pela universidade, ela então denominada Universidade Pública da Baixada.
O que vejo nos dias atuais é uma Câmara bem diferente da do passado. Independente dos interesses dos grupos que compuseram-na na formação político-partidária, ideológica, seja de centro, de esquerda ou de direita, a Câmara protagonizava debates que atraiam um público disposto a acompanhar as falas das tribunas e os pensamentos plurais da cidade. Falas essas que defendiam posicionamentos fortes e marcados. Mas tudo isso se passou e não é por causa da pandemia, como alguns podem alegar.
Para se ter uma ideia do quanto o interesse da municipalidade está sendo esquecido, o que vem tomando conta do debate são os interesses de grupos políticos ainda que custe a própria sobrevivência e pluralidade fundamental no processo democrático representativo. Óbvio é que, se diminui o número de vereadores, diminui o debate e a representatividade às quais muitos bairros ou entidades representativas se viam inseridas neles.
Ao reduzir o número de cadeiras, o Poder legislativo corta o seu próprio pulso querendo provar que tem vida. São tantos os instrumentos que existem para o embate político que, ao diminuir-se frente ao adversário, é renegar a própria capacidade de saber usar desses mecanismos.      

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