O diretor-executivo da organização social Unir Saúde, Marcus Velhote de Oliveira, afirmou que em 2018 o governo do estado não fez os repasses financeiros corretamente para empresa. Segundo Marcus, o descumprimento do contrato contribuiu na queda da qualidade dos serviços prestados pela Organização de Saúde (OS) em nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do estado. A declaração foi feita nesta segunda-feira (20/07), durante oitiva realizada pela Comissão de Fiscalização dos Gastos na Saúde Pública Durante o Combate do Coronavírus e pela Comissão de Saúde, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
No entanto, a presidente das comissões, deputada Martha Rocha (PDT), lembrou que a Unir foi desqualificada em 16 de outubro de 2019 por indícios de irregularidades, quando Marcus ainda estava na direção executiva da empresa, e chegou a receber mais de R$ 37 milhões do Governo do Rio. "Alegar que não recebeu recursos suficientes em 2018 é um descaso com a população", frisou a parlamentar que também questionou se algum valor seria devolvido aos cofres públicos. "A princípio a Unir não pretende ressarcir o estado com nenhum valor. Os recursos depositados para a OS eram devidos", disse Marcus.
Marcus Velhote está na OS desde janeiro de 2018, como membro do Conselho e na função de diretor executivo, desde o dia 05 de novembro de 2018. Porém, mesmo ocupando esse cargo, ele alegou que apenas respondia às ordens do presidente do Conselho, José Carlos Rodrigues e não soube responder a maior parte das perguntas feitas pelos parlamentares. "Era ele quem estava acima de mim e passava as orientações de como eu deveria gerir a empresa. Eu não participava de nenhuma tratativa na contratação de novos serviços, apenas assinava os contratos e nunca sozinho, sempre com Luiz Cláudio", informou o diretor.
Para o deputado Luiz Paulo (PSDB) a resposta reiterou o despreparo da Unir na gestão dessas unidades. "O senhor é um diretor muito desinformado. Acredito que a melhor saída seja convocarmos também o presidente do conselho, José Carlos Rodrigues e o diretor administrativo da empresa, Luiz Roberto Martins Soares. O nosso convidado de hoje afirma ter muito pouco conhecimento da Unir, isso é uma vergonha", frisou o parlamentar.
Repasse para campanha
Marcus também foi questionado pela deputada Marta Rocha sobre o cargo que Bruno Kopke ocupava na OS. Segundo a parlamentar, Bruno teria doado R$ 75 mil ao PSC, sendo a quinta maior doação da campanha de Witzel nas últimas eleições. "Esse é um valor muito alto que nos chama a atenção. Gostaríamos de saber se essa doação partiu da Unir", questionou a parlamentar.
Em resposta, o diretor alegou que nenhuma doação foi feita em nome da OS. "Não sei informar se esse donativo por parte de Bruno foi realizado, mas pela empresa com certeza não", frisou. Marcus ainda explicou que Kopke era o diretor médico da Unir e fazia toda a parte de gerenciamento de pessoal, contratação e demissão do corpo de médicos e enfermeiros.
Processo de requalificação
O relator da comissão, deputado Renan Ferreirinha (PSB), também perguntou ao diretor quais eram as pessoas que participaram do processo de requalificação da Unir. Porém, Marcus alegou que estava afastado por conta da covid-19 e não saberia responder a pergunta. "É muito estranho um diretor, mesmo em home office, não estar por dentro das decisões que acontecem na empresa que o mesmo direciona. É uma vergonha ele não ter essas informações que poderiam gerar lucros monstruosos para a empresa", afirmou Ferreirinha.
Marcus também negou conhecer o empresário Mário Peixoto, um dos principais fornecedores de serviços e mão de obra ao governo do estado e afirmou que a Unir nunca fez nenhuma tratativa com a organização social (OS) Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), responsável pela construção e gestão dos sete hospitais de campanha do estado.
Novas oitivas
Ao longo da oitiva do diretor da Unir, os deputados também deliberaram a convocação do subsecretário de desenvolvimento social da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Estado, Ramon Neves; do diretor médico da Unir, Bruno Kopke; e do presidente do conselho da Unir, José Carlos Rodrigues.
Também participaram da reunião os deputados Flávio Serafini (PSol), Lucinha (PSDB), Monica Francisco (PSol), Enfermeira Rejane (PCdoB), Dr. Deodalto (DEM), Valdecy da Saúde (PHS), Jair Bittencourt (PP) e Márcio Pacheco (PDT).
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