O texto abaixo, a meu pedido, foi escrito pelo próprio Geraldo Bastos e faz parte de uma sequência de pessoas que pretendo trazer à tela deste Blog para que se apresentem à sociedade iguaçuana, Para mostrarem o trabalho que desempenham na construção de uma sociedade mais justa e mais humana. Eu poderia transformar o texto do Geraldo Bastos em entrevista, mas a apresentação do próprio é tão rica e importante que prefiro publicar na íntegra. Dedique um tempo para conhecendo pessoas que, iguais a ele, dedicam os seus tempos às pessoas. Em breve mais pessoas. Vejamos:
"Quem sou, onde atuo, como atuo e com quem atuo
Sou
Geraldo Bastos, atuo em uma área que atualmente está muito
desvalorizada pelo Governo Federal e Estadual que é a área de
Direitos Humanos. Eu tenho as questões relacionadas as violências
como foco da minha militância e atuação profissional como Coach.
Sou diretor Estadual de Cultura do Movimento Negro Unificado - (MNU)
- organizado há 40 anos em nível nacional. Sou aluno da pós
graduação no Instituto de Psicologia da UFRJ/ EICOS onde realizo a
pesquisa sobre contexto de violência e resistência de mulheres
rezadeiras e mães de santo em Nova Iguaçu. Eu sou fruto das lutas
da diocese que teve em Dom Adriano seu grande líder religioso e
político.
Na
Secretaria de Cultura estou no departamento de Patrimônio Imaterial,
tendo uma relação de envolvimento e acompanhamento com as folias de
reis, os terreiros de religião de matriz africana, com o samba, o
maracatu, a baiana do acarajé e todas as manifestações deste
patrimônio que é composto de muitas manifestações culturais.
Nestes
últimos anos tenho atuado junto aos terreiros que tem sofrido
ataques sistemáticos de grupos extremistas que praticam contra as
religiões de Matriz Africana a intolerância religiosa e o racismo,
expulsando e matando os líderes religiosos em Nova Iguaçu e na
Baixada Fluminense.
Acredito
que a valorização das manifestações relacionadas ao Patrimônio
Imaterial pode favorecer uma Cultura de Paz em nossa cidade. As
folias de reis carregam em suas jornadas uma grande quantidade de
jovens que ao se relacionar com a devoção trilham um caminho de
crença e fé em dias melhores, na busca que fazem da graça de Jesus
Cristo e Santos Reis. Aqui em nossa cidade tem o Maracatu Baque da
Mata que é um movimento também cultural e religioso com uma
formação de fazedores de cultura muito qualificada, conheço a
maioria dos componentes e são todos pessoas que através do maracatu
exercitam através da dança e da música o respeito e a manutenção
da tradição. Temos os terreiros, Nova Iguaçu já foi conhecida
como a Pátria da Macumba, porque na década de 1980 tínhamos mais
terreiros do que Salvador na Bahia. Inclusive o escritor iguaçuano
Luiz Martins registrou em seu livro que a “briga” entre o saudoso
Leopoldo Machado que era espírita e o Padre João Mush que originou
a construção do IESA – chamado de Colégio das Irmãs, porque o
padre achava que os católicos daqui estavam com um pé no
espiritismo por influência do professor Leopoldo Machado que fundou
uma conceituada escola na cidade.
Na
verdade eu estou mais junto de grupos que não costumam ser muito
procurado fora do período eleitoral. Sendo assim acompanhei o DMT
junto com a roda de rimas que ele promovia semanalmente na Via Light,
fiquei com ele desde que assumimos na cultura até quando ele
precisou dá uma parada, bem como também estive junto do pessoal do
JLZ que são os caras que estão hoje realizando a maior intervenção
cultural na cidade com Hip Hop de primeira. Estes movimentos são
muito marginalizados pela sociedade, são movimento de gente preta,
tem o problema de que alguns usam drogas, mas na classe média branca
também usam drogas nas suas festas. Mesmo que eu não seja a favor,
preciso pensar uma política pública para a juventude, não dá só
para ficar estigmatizando e criticando este setor que é o mais
afetado pela violência.
Eu
não sou daqueles que ficam tecendo ideias, ou criticando as pessoas
no facebook, estou coordenando um projeto de educação popular em
um terreiro, é longe, me obriga no fim de semana sair muito cedo,
mas é um prazer servir a este projeto voluntariamente e saber que um
terreiro abriga alunos de todas as religiões e oferece, estudo,
formação, alimentação e material escolar. Eu acredito que só com
o fortalecimento e o respeito a diversidade vamos ter uma cidade
evoluída.
Fui
presidente do Partido dos Trabalhadores por três anos em Nova
Iguaçu, a gente fez um movimento de resgate e conseguimos fundar 20
núcleos e setoriais de educação, evangélico e meio ambiente.
Também fizemos diversos seminários e encontros de formação.
Fizemos na eleição uma aliança com a chapa que elegeu o prefeito
Rogério Lisboa, essa é uma política vigente que estou inserido.
Sei que os setores que trabalho na cultura são muitas das vezes
olhados com rabo de olho, mas é com eles que eu cheguei aqui e é
com eles que eu prefiro ficar".
Ps. do Almeida: Muito obrigado, Geraldo Bastos, por atender o nosso pedido e por mostrar que pessoas como você são fundamentais não só para Nova Iguaçu. Mas sim para um mundo melhor.
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