terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Conheça Geraldo Bastos, alguém que faz diferença

O texto abaixo, a meu pedido, foi escrito pelo próprio Geraldo Bastos e faz parte de uma sequência de pessoas que pretendo trazer à tela deste Blog para que se apresentem à sociedade iguaçuana, Para mostrarem o trabalho que desempenham na construção de uma sociedade mais justa e mais humana. Eu poderia transformar o texto do Geraldo Bastos em entrevista, mas a apresentação do próprio é tão rica e importante que prefiro publicar na íntegra. Dedique um tempo para conhecendo pessoas que, iguais a ele, dedicam os seus tempos às pessoas. Em breve mais pessoas. Vejamos:

"Quem sou, onde atuo, como atuo e com quem atuo

Sou Geraldo Bastos, atuo em uma área que atualmente está muito desvalorizada pelo Governo Federal e Estadual que é a área de Direitos Humanos. Eu tenho as questões relacionadas as violências como foco da minha militância e atuação profissional como Coach. Sou diretor Estadual de Cultura do Movimento Negro Unificado - (MNU) - organizado há 40 anos em nível nacional. Sou aluno da pós graduação no Instituto de Psicologia da UFRJ/ EICOS onde realizo a pesquisa sobre contexto de violência e resistência de mulheres rezadeiras e mães de santo em Nova Iguaçu. Eu sou fruto das lutas da diocese que teve em Dom Adriano seu grande líder religioso e político.
Na Secretaria de Cultura estou no departamento de Patrimônio Imaterial, tendo uma relação de envolvimento e acompanhamento com as folias de reis, os terreiros de religião de matriz africana, com o samba, o maracatu, a baiana do acarajé e todas as manifestações deste patrimônio que é composto de muitas manifestações culturais.
Nestes últimos anos tenho atuado junto aos terreiros que tem sofrido ataques sistemáticos de grupos extremistas que praticam contra as religiões de Matriz Africana a intolerância religiosa e o racismo, expulsando e matando os líderes religiosos em Nova Iguaçu e na Baixada Fluminense.
Acredito que a valorização das manifestações relacionadas ao Patrimônio Imaterial pode favorecer uma Cultura de Paz em nossa cidade. As folias de reis carregam em suas jornadas uma grande quantidade de jovens que ao se relacionar com a devoção trilham um caminho de crença e fé em dias melhores, na busca que fazem da graça de Jesus Cristo e Santos Reis. Aqui em nossa cidade tem o Maracatu Baque da Mata que é um movimento também cultural e religioso com uma formação de fazedores de cultura muito qualificada, conheço a maioria dos componentes e são todos pessoas que através do maracatu exercitam através da dança e da música o respeito e a manutenção da tradição. Temos os terreiros, Nova Iguaçu já foi conhecida como a Pátria da Macumba, porque na década de 1980 tínhamos mais terreiros do que Salvador na Bahia. Inclusive o escritor iguaçuano Luiz Martins registrou em seu livro que a “briga” entre o saudoso Leopoldo Machado que era espírita e o Padre João Mush que originou a construção do IESA – chamado de Colégio das Irmãs, porque o padre achava que os católicos daqui estavam com um pé no espiritismo por influência do professor Leopoldo Machado que fundou uma conceituada escola na cidade.
Na verdade eu estou mais junto de grupos que não costumam ser muito procurado fora do período eleitoral. Sendo assim acompanhei o DMT junto com a roda de rimas que ele promovia semanalmente na Via Light, fiquei com ele desde que assumimos na cultura até quando ele precisou dá uma parada, bem como também estive junto do pessoal do JLZ que são os caras que estão hoje realizando a maior intervenção cultural na cidade com Hip Hop de primeira. Estes movimentos são muito marginalizados pela sociedade, são movimento de gente preta, tem o problema de que alguns usam drogas, mas na classe média branca também usam drogas nas suas festas. Mesmo que eu não seja a favor, preciso pensar uma política pública para a juventude, não dá só para ficar estigmatizando e criticando este setor que é o mais afetado pela violência.
Eu não sou daqueles que ficam tecendo ideias, ou criticando as pessoas no facebook, estou coordenando um projeto de educação popular em um terreiro, é longe, me obriga no fim de semana sair muito cedo, mas é um prazer servir a este projeto voluntariamente e saber que um terreiro abriga alunos de todas as religiões e oferece, estudo, formação, alimentação e material escolar. Eu acredito que só com o fortalecimento e o respeito a diversidade vamos ter uma cidade evoluída.
Fui presidente do Partido dos Trabalhadores por três anos em Nova Iguaçu, a gente fez um movimento de resgate e conseguimos fundar 20 núcleos e setoriais de educação, evangélico e meio ambiente. Também fizemos diversos seminários e encontros de formação. Fizemos na eleição uma aliança com a chapa que elegeu o prefeito Rogério Lisboa, essa é uma política vigente que estou inserido. Sei que os setores que trabalho na cultura são muitas das vezes olhados com rabo de olho, mas é com eles que eu cheguei aqui e é com eles que eu prefiro ficar".
Ps. do Almeida: Muito obrigado, Geraldo Bastos, por atender o nosso pedido e por mostrar que pessoas como você são fundamentais não só para Nova Iguaçu. Mas sim para um mundo melhor.

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