Até o dia 22 de maio, o Estado do Rio de Janeiro contará com mais 1.300 leitos em hospitais de campanha para atender os pacientes diagnosticados com o novo coronavírus. O número foi apresentado pelo secretário de Estado de Saúde, Edmar Santos, durante reunião realizada por videoconferência, nesta segunda-feira (11/05), com deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o Ministério Púbico e a Associação Estadual dos Municípios do Rio de Janeiro (Aemerj). Segundo o secretário, o estado já recebeu 150 respiradores do Governo Federal e R$ 300 milhões em recursos.
"Desse valor, R$ 100 milhões foram destinados diretamente para a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e R$ 200 milhões para os municípios. Precisamos frisar que a rede estadual está suprida com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e medicamentos. Um remédio ou outro pode estar faltando devido há algum entrave de processo, mas isso é muito pontual. Ressalto também que temos informação de que já há recursos humanos para todos esses leitos. Porém, não posso deixar de frisar que é impossível atingir o número necessário de camas para todos os pacientes devido a dimensão desse vírus. Estamos lidando com uma Tsunami", justificou Edmar.
O secretário afirmou ainda que pretende solicitar leitos privados e que espera para hoje apresentação de planilha de custo das enfermarias destes hospitais para estimar o custo de complementação à tabela Sistema Único de Saúde (SUS).
Hospitais de campanha
Inaugurado neste final de semana, o hospital de campanha do Maracanã, na Zona Norte do Rio, também foi pauta da reunião. O secretário informou que a unidade, que conta com 170 leitos atualmente, vai ganhar mais 200 até sexta-feira (15/05). "Já temos 20 equipamentos de diálise e teremos um aparelho de tomografia a cada 200 pacientes", listou. O secretário ainda afirmou que até sexta serão entregues também 200 leitos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, 200 em São Gonçalo, na Região Metropolitana e 100 em Nova Friburgo, na Região Serrana.
"Com esses leitos teríamos até o final da semana que vem mais 800 à disposição da população. Deixamos aqui o nosso convite aos deputados que quiserem visitar as unidades para analisar a estrutura dos espaços. A secretaria fará essa vistoria na sexta-feira, antes de abrir para os paciente, evitando o risco de contaminação. Entraremos com grupos de até 8 parlamentares por vez", explicou o secretário.
O presidente da Casa, deputado André Ceciliano (PT), solicitou a deputada Martha Rocha (PDT), que coordene a lista de deputados interessados em participar das visitas. O presidente também lembrou que toda segunda-feira, às 10h, os deputados vão se reunir com o secretário para dialogar as medidas de ação do estado no combate ao Covid-19. "Vale ressaltar que o parlamento fluminense já repassou R$ 100 milhões aos municípios para investimento em ações contra a Covid-19, e destinou R$ 5 milhões para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) construir respiradores", destacou.
Gastos
O secretário esclareceu que para construir os sete hospitais de campanha, comprar equipamentos e medicamentos, serão investidos recursos na ordem de R$ 770 milhões. Edmar explicou que esse valor é para a utilização das unidades por até seis meses e esclareceu que o gasto será proporcional ao tempo de uso, como previsto em contrato.
Lockdown
Questionado quanto ao isolamento social ampliado, o secretário destacou que é o preciso reduzir em 70% a circulação das pessoas para conseguir achatar a curva. "Precisamos manter as pessoas em casa. O pico deve ocorrer entre a terceira e quarta semana do mês de maio. Não sabemos se vai ter um decréscimo depois desse pico ou se ele vai atingir um platô, como aconteceu nos Estados Unidos, mas o importante é entender que agora precisamos manter o isolamento", alertou.
Edmar ainda lembrou que a cada paciente diagnosticado com Covid, existem 15 casos que não são confirmados. Relacionado ao assunto o procurador do Ministério Público (MP/RJ), Tiago Gonçalves, frisou: "não existe uma solução chave para tudo, mas sabemos que a aglomeração é um agravante e o achatamento da curva se faz urgente", disse. Quem também compareceu a reunião foi o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem.
Apoio do Governo Federal
Integrante da Associação Estadual dos Municípios do Rio de Janeiro (Aemerj), o prefeito de Piraí, Dr. Luiz Antônio (PDT), reclamou da falta de investimento e organização do Governo Federal para o combate do covid-19 no estado. "A União precisa contribuir com a sua estrutura. Temos uma rede enorme de saúde federal que está totalmente desorientada. Temos dificuldade de intervenção com o Executivo para colocar esses leitos federais à disposição da população infectada com o vírus. É preciso haver uma parceria do estado com o município do Rio e pedimos ajuda da Alerj para essa interlocução. Deixo aqui também o apreço da associação por esse parlamento que muito tem nos ajudado", concluiu Luiz Antonio. A Alerj repassou R$ 100 milhões para apoiar os municípios no combate à pandemia e R$ 5 milhões para a Universidade Federal do Rio de Janeiro construir respiradores artificiais.
A respeito da transparência dos contratos firmados pela SES, o secretário informou que foram 66 processo, sendo que 40 que não tinham sido formalizados foram cancelados imediatamente. Desses 26 foram avaliados pela PGE. Nessa lista, estavam os três para compras de respiradores que foram cancelados por suspeitas de irregularidades e empresas notificadas. Ele ressaltou que os contratos estão sendo feito com pareceres do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e da Procuradoria Geral do Estado (PGE). A respeito das investigações que envolvem o subsecretário-executivo de Saúde, Gabriell Neves, preso em operação do MP, Edmar afirmou que viu com surpresa os fatos atribuídos ao subsecretário: "Não quero fazer pré-julgamento. Ele já está exonerados e vamos acompanhar e contribuir com as investigações."
Estiveram presentes na reunião os deputados Marcelo do Seu Dino (PSL), Luiz Paulo (PSDB), Rodrigo Amorim (PSL), Carlo Caiado (DEM), Sergio Louback (PSC), Enfermeira Rejane (PCdoB), Eliomar Coelho (PSol), Rosane Félix (PSD), Lucinha (PSDB), Martha Rocha (PDT), Ferreirinha (PSB), Jair Bittencourt (PP), Alexandre Freitas (Novo), Waldeck Carneiro (PT), Renata Souza (PSol), Flávio Serafini (PSol), Rosenverg Reis (MDB), Monica Francisco (PSol), Jorge Felippe Neto (PSD) e Márcio Pacheco (PSC).
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