*Por Marco Aurélio
Quando o valente Correio da Lavoura completou 90 anos, em 2007, escrevi um texto que relacionava a duração do jornal com os acontecimentos desse período de tempo no mundo. Falei da Revolução Russa, que já falecida à época, também seria nonagenária. Comentei também sobre a Indústria Cultural. Mas ainda não tínhamos a dimensão plena do poder da internet e das redes sociais, que é uma forma de ação sem sujeito.
Fui de uma juventude que invejava os argentinos pela sua politização e por sua tenaz relação com o debate e manifestações públicas. Hoje, o Brasil se politizou, mas todos os assuntos viram um Fla x Flu ideológico. Acredito que parte desse fenômeno se deva pela difusão das redes sociais, onde cada um se torna sua própria reportagem e análise conjuntural. Infelizmente, sem nenhum elitismo intelectual, acredito que temos aí um problema bem grave: a radicalização causada mais pela opinião do que pela reflexão.
Umberto Eco falou certa vez que as redes sociais deram publicidade as vozes raivosas que antes estavam restritas aos bares sob efeito do álcool. Hoje me parece que as redes sociais se tornaram um local etílico onde falta a sobriedade da razão. Onde as Fakes News se sobrepõem aos fatos.
Não somente no Brasil, mas no mundo, esse situação existe. Acredito que temos que repensar nossos paradigmas e perceber que sim. Perceber que as redes sociais são importantes. Mas que para ter conhecimento é necessário estudo e que para ter a amizade é necessário a tolerância. As pessoas não percebem que o mesmo aparelho que pode ser utilizado para propagar a mentira pode ser utilizado para investigar a verdade.
O engraçado é que escrevi essas tortas linhas pelo WhatsApp, o que demonstra a nossa dependência desses meios. Como isso vai continuar, não sei. Apenas acredito que temos que ser mais SOCIAIS do que estar em REDES.
*Marcos Aurélio é sociólogo e o mais novo colaborador deste Blog.
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